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A aposta da banca para ‘travar’ startups fintech

No início dos anos 90, quando a Microsoft comprou a empresa de software de gestão financeira Intuit, Bill Gates apelidou os bancos de “dinossauros” e ressalvou que “a atividade financeira é essencial, os bancos não”. A verdade é que a estrutura complexa destas grandes organizações contrasta com o avanço galopante de várias startups tecnológicas (fintech) que ameaçam conquistar, cada vez mais, receita à banca tradicional.

A indústria financeira precisa de adaptar-se rapidamente e de criar novos meios de competição. O Citigroup é talvez o gigante da banca que tem levado mais a sério a ameaça das fintech, pois é quem tem o maior portfólio de investimentos nestas startups (na Digital Assets Holdings, por exemplo, na qual outros grandes bancos e IBM também investiram).

O Citi aplica uma estratégia descentralizada: tanto a unidade Citi FinTech como as restantes divisões do grupo têm liberdade para tomar decisões sobre novas soluções para competir com estas startups. As divisões de banca de retalho têm optado por investir em parcerias e no desenvolvimento de tecnologias, mas mais do que um pilar do grupo está a investir diretamente em startups financeiras. A aceleradora de inovação Citi Ventures está bastante focada nas oportunidades que as fintech podem trazer.

Esta abordagem tem mantido o banco na vanguarda da inovação tecnológica (foi dos primeiros a permitir depósitos de cheques através do smartphone), sendo cada vez mais “digital” – 36% do volume de vendas de produtos da banca de consumo provém das plataformas digitais e o número de utilizadores da sua aplicação móvel cresceu perto de 26%.

A nova App que o banco vai lança irá incluir tecnologia de reconhecimento de voz (está a testar a integração da assistente virtual da Amazon), facial e de impressão digital para autenticação dos clientes e para o pagamento de contas. E será uma espécie de app store fintech: vai dar acesso às melhores funções de outras Apps de fintech com quem o Citi criar parcerias.

A Capital One, por exemplo, já recorre a tecnologia de reconhecimento de voz, utilizando a Alexa, a assistente virtual da Amazon.

As fintech já conquistaram 9 mil milhões de dólares no negócio financeiro. Pode parecer uma percentagem pequena na receita multimilionária dos bancos, mas, daqui 4 a anos, o Citi prevê que as receitas destas startups cresçam mais de 10 vezes, ultrapassando os 100 mil milhões de dólares. A disrupção na indústria financeira é inevitável e já existem vários unicórnios (empresas que valem mais de mil milhões de dólares) fintech.

Fintechinfo
Fonte: Dealsunny.com

Só no ano passado, os investidores aplicaram 19 mil milhões de dólares em startups fintech. Digital Assets Holdings, Kensho, SoFi, Stripe e Ripple são apontadas como grandes promessas, tendo captado investimentos de prestigiados empreendedores e organizações, como Elon Musk, Andreessen Horowitz, Softbank ou Goldman Sachs. Mas também a Square, empresa de pagamentos eletrónicos, tem superado as previsões dos analistas e atingiu uma receita de 171 milhões de dólares este trimestre.

Cada uma destas startups concentra-se numa única linha de negócio e estão a invadir quase todos os serviços que os bancos oferecem – estão muitas focadas na área de empréstimos e em pagamentos de serviços. Talvez o processamento de pagamentos venha a ser a próximo grande alvo das fintech: a transferência de dinheiro no exterior, por exemplo, é um pain point para os clientes através do sistema atual.

“Temos a oportunidade de reconstruir todo o sistema [financeiro]. As transacções financeiras são só números – só informação. Não precisamos de 100 mil pessoas e data centers cheios de computadores mainframe dos anos de 1970 para fazermos um pagamento online”. Marc Andreessen, co-fundador da empresa de capital de risco Andreessen Horowitz e um dos grandes influenciadores na área de fintech.