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Concentração e Pluralismo na Era Digital

Se há indústria onde a discussão sobre a Concentração e Regulação nunca foi pacífica é a indústria de Media & Entretenimento.
Com a convergência de conteúdos provocada pela possibilidade de distribuição digital parecia óbvio que o desenvolvimento natural dos negócios levaria ao “casamento” entre empresas de Media e Telecomunicações. E de facto, aconteceu em vários países.

O caso mais emblemático e com maior dimensão foi o da fusão da Time/Warner com a AOL. Mas em 2000, o rebentar da “bolha” das dot.com arrefeceu esta tendência inicial.

A fragmentação das audiências e consequente alteração na distribuição dos investimentos publicitários, provocado pelos novos suportes (digitais) e a alteração do paradigma de consumo de media estão a forçar novos movimentos de aquisição e fusão de empresas de Media.
A legislação não acompanhou as necessidades impostas pelas alterações de mercado e mudanças de paradigma.

As reduzidas barreiras à entrada de um player de media (nas plataformas digitais), e a necessidade de investigação e inovação, passaram a ser importantes variáveis no negócio.

As alterações de paradigma vão também provocar movimentos de concentração na indústria que permitirão maior competitividade (entre grandes grupos), capacidade de investimento em inovação, acompanhamento das tendências tecnológicas e criação de novos produtos.

Um exemplo recente (3 de Dezembro 2009) que ilustra este movimentos de concentração, foi a aquisição da cadeia de Televisão NBC  pela operadora de telecomunicações ComCast.

Adam Smith - Mão Invisível
Adam Smith – Mão Invisível

Os movimentos de concentração poderão garantir maior competitividade, pois teremos grupos de media com maior capacidade de investimento e maiores possibilidades de sinergias entre a criação e distribuição. É por isso natural que os reguladores se tornem mais liberais e que deixem a “Mão invisível” de Adam Smith fazer os naturais ajustes de mercado.

Concentração diagonal

As preocupações dos legisladores e reguladores têm sido no sentido de evitar excesso de poder em determinados mercados, analisando e criando legislação para concentração vertical e horizontal, ignorando as interdependências com outras indústrias/mercados.
Na nova Era Digital a interdependência entre indústrias pode ser determinante para o sucesso de um operador, pois a posição dominante num mercado pode alavancar a posição noutro mercado, o que dificulta a análise sobre o poder individual de mercado isolado de outras variáveis. Por exemplo, a teoria do monopolista hipotético dificilmente será aplicável na análise deste tipo de concentração.
Assim, os legisladores e reguladores têm novos desafios e novas análises econométricas a fazer à interdependência de mercados.

Pluralismo

A recente discussão gerada sobre o pluralismo e tentativa de controlo e/ou manipulação dos Media, só existe porque há pluralismo e liberdade.  Noutros tempos nada disso seria possível…

Nicholas Negroponte referiu em 1995, nas suas profecias visionárias sobre a revolução digital, que:

a combinação de forças tecnológicas e a natureza humana terão papel mais forte no pluralismo do que qualquer lei criada pelo Congresso.

O ajuste e impacto inicial sobre esta nova realidade foi também antecipada por Negroponte:

Pura e simplesmente não há maneira de limitar a liberdade de radiação de bits, tal como os romanos não detiveram o cristianismo, ainda que durante o processo alguns dos primeiros e corajosos difusores de dados venham a ser comidos pelos leões de Washington.

 

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